Onde surge o Social Design? Pela mão de quem surge?
A fim de se auferir uma maior perceção e entendimento sobre esta temática, deverá, primeiramente, ser abordado o termo Design por si só, bem como as suas origens e a sua história - por outras palavras, o seu desenvolvimento. Só deste modo se tornará então direta e intuitiva uma melhor compreensão daquilo que é verdadeiramente o Social Design, e toda a sua essência.
As componentes, social e humana têm vindo a manter a sua presença desde o início da definição do Design, inclusive nas mais variadas culturas.
A época da Revolução Industrial - acontecimento que deu início ao mundo como hoje o conhecemos, tecnológico, automatizado, industrial, instantâneo e material. É por esta altura que é lançado também o estatuto de designer.
Para além de surgirem tantas inovações tecnológicas e tamanhas mudanças produtivas para o desenvolvimento da humanidade, ao mesmo tempo tornam-se também visíveis as consequências e os resultados negativos comprovados das mesmas. Como tal, o designer começa a ver-se desde logo obrigado a ponderar os novos fatores que colocam em causa o seu trabalho sempre que este pretende criar e produzir algo .
Tais fatores surgem fortemente ligados ao emergir dos problemas de foro ambiental com uma cada vez maior emissão de agentes poluidores para a atmosfera e uma então exacerbada destruição de espaços verdes para fins industriais.
O designer começa então, já em pleno período da Revolução Industrial, a perceber o poder da sua atividade e as responsabilidades que isso acarreta.
De facto, já em pleno século XVIII se denotavam preocupações de ordem social, que demonstram inequivocamente que o Social Design não é de todo uma vertente de problemáticas que apenas surgem na atualidade.
Como prova de tal fator surgem então alguns nomes bastante conhecidos e sempre presentes na história do Design, nomes esses que ajudaram decisivamente ao crescimento e desenvolvimento desta área, desta profissão.
John Ruskin (1819 - 1900), um teórico intimamente ligado às artes, à natureza e ao modo como estas se corelacionavam e afetavam a sociedade. Foi pioneiro na área da sustentabilidade e da ecologia, mostrando as suas preocupações e teorias através da sua vasta obra escrita que registava os efeitos da Revolução Industrial na sociedade da época. Foi um exemplo no que dizia respeito à conservação do património e da natureza, bem como às suas ideologias para o desenvolvimento de uma sociedade ideal.
Outro nome que então se parece destacar pelos seus esforços em proveito da sociedade é o de William Morris (1834 - 1896), um designer têxtil, artista e teórico, conhecido como impulsionador do movimento Arts & Crafts. Partilhava das mesmas ideologias e valores defendidos por Ruskin. Desde cedo Morris mostrou a sua vertente ambientalista, revelando grandes preocupações com o mundo industrial, defendendo sempre a conservação da natureza e dos espaços verdes, assim como o bem-estar que estes propiciavam à população, sempre com o intuito de conseguir abrandar os desenvolvimentos tecnológicos que aos poucos iam eliminando cada pedaço de terra e que vinham garantir uma crescente poluição.
William Morris "sonhava com uma arte para todos e com uma sociedade mais justa e feliz, onde qualidade de vida não é um privilégio mas sim um direito de todos. Propôs o respeito pelas necessidades humanas de um ambiente decente, o prazer no trabalho... LAGE, Alexandra ; DIAS, Suzana - Desígnio : Teoria do Design parte 1. 1ª ed. Porto : Porto Editora, 2006. p. 39.)
Tanto John Ruskin como William Morris foram os primeiros a abordar o conceito de Social Design mesmo antes dele existir.